quarta-feira, 4 de novembro de 2009

ESPECIAL: Lévi-Straus deixa de ser gente e passa a ser mito.

UM BELO EXEMPLO DE UMA MENTE BRILHANTE QUE NÃO TEVE MEDO DE FALAR DE LIMITES ESTRUTURANTES.
UM DOS GÊNIOS DA ANTROPOLOGIA MUNDIAL! AGORA VIROU MITO!

"A visão do Brasil que está em "Tristes Trópicos" esquentou meu coração"

Nosso movimento, que queríamos chamar de "som universal", terminou ganhando o apelido de "tropicalismo" por causa da instalação de Hélio Oiticica que Luiz Carlos Barreto achou parecida com minha canção.
Foi Leon Hirschman quem, tendo visto na casa de um amigo um volume de "Tristes Trópicos", pensou que um livro com esse título deveria interessar a um dos criadores de tal movimento, ainda mais que se tratava de um que gostava de ler livros filosóficos e teóricos.Ele simplesmente roubou o exemplar da casa em que o encontrou e me deu de presente.
A palavra "estruturalismo" estava aparecendo em textos de jornais e em conversas. Eu vagamente sabia que o nome de Lévi-Strauss estava ligado a ela.
Abri o livro com uma curiosidade moderada. E fui tomado de um interesse intenso a partir das primeiras frases. "Tristes Trópicos" me arrebatou. Eu era fã de Sartre. Nunca esperei que uma inteligência de ordem tão diferente, mesmo antagônica, se impusesse com tanta rapidez sobre meu espírito.
O estilo (eu nunca tinha lido Proust) também me impressionou: a calma dos parágrafos longos e entremeados de observações secundárias que só lhe aumentavam a clareza era educativa, agradável e elegante.
Mas foi a visão do Brasil que apareceu ali que esquentou meu coração.
Um pessimismo relativo à civilização brasileira (mitigado pela bela passagem sobre a USP, em que "num claro instante" pode tornar-se possível uma intervenção relevante nos destinos do mundo, por parte de um bando de jovens paulistas inocentes -mas agravado pela incompreensão total do que seria Oswald de Andrade ou a possibilidade de um modernismo brasileiro que contasse além da repulsa que a suposta beleza do Rio causava no autor) contado paralelamente às descobertas sobre as culturas pré-cabralinas, ensinava novos modos de sentir-se o estar no mundo aqui.
Mais do que tudo, aparecia um homem excepcional: sempre modesto, ele mantinha um tom franco e inabalavelmente lúcido. Os esboços das posições originais que o tornariam mais e mais célebre apareciam com vigor, mas sem paixão.
Cheguei a escrever, alguns anos depois, para meu governo, que fazia sentido que, em oposição ao ateísmo apaixonado de Sartre, surgisse uma espécie de misticismo frio.
A profecia de que o Islã nunca seria a religião da tolerância que se pretendia (culminando numa impressionante comparação das figuras de Maomé e Buda) repercutiu em mim de modo indelével. Assim como o horror ao "eu" cartesiano, embora a racionalidade que ele sempre manteve nunca pudesse ser abalada, fosse pela "confusão entre sujeito e objeto" dos existencialistas (seguindo Husserl), fosse pela dialética hegeliano-marxista (que os existencialistas franceses terminaram por abraçar).
Marx e Freud eram, para ele, antes exemplos de pensadores que percebiam realidades inteligíveis em planos escondidos.Enfim, se há alguns livros que ficaram acesos em minha memória desde que foram lidos -e para sempre-, "Tristes Trópicos" é um deles.
Por causa disso, li "O Pensamento Selvagem" (em Londres, em inglês, porque os donos da casa que aluguei tinham esquecido justo um exemplar dele na estante vazia), depois "O Cru e o Cozido". A polêmica com "Crítica da Razão Dialética" no primeiro e os argumentos contra a música atonal no segundo são trechos a que voltei inúmeras vezes através dos anos.
O texto sobre a música sempre foi especialmente instigante para mim. Considero aquilo um momento altíssimo na história do entendimento do que seja a música. Ali também estão embutidos argumentos anti-modernismo e anti-arte de vanguarda a que ele se apegou nas últimas décadas. Sinto uma natural desconfiança dessa inclinação, mas acho estimulante que algumas problematizações não fossem evitadas.
Amo a resposta que Augusto de Campos me deu quando lhe reportei a impressão que me causaram tais argumentos: "São muito inteligentes, mas quem levou a música para além do tom foram os músicos, os melhores entre eles -e eu confio mais em quem está com a mão na massa". Mas aconselho qualquer um a passar primeiro pela "ouverture" de "O Cru e o Cozido", relembrar a frase de Augusto e depois tentar pensar por conta própria.
Lévi-Strauss detestava a promiscuidade entre alta cultura e cultura popular que via sendo praticada por seus famosos contemporâneos mais jovens: "pop philosophie", pensadores citando Bob Dylan e escrevendo sobre cinema, linguistas estudando letras de rock -na entrevista com Didier Éribon, ele diz que jamais voltaria seu armamento teórico para nada abaixo de Baudelaire.
Eu o citei nominalmente numa letra de música (numa entrevista em que lhe perguntaram sobre a citação em "O Estrangeiro" -"O antropólogo Claude Lévi-Strauss detestou a Baía de Guanabara: pareceu-lhe uma boca banguela"-, ele disse, meio rindo, que tinha escrito essas palavras havia muito tempo); citei-o indiretamente em pelo menos duas outras: o "num claro instante" de "Um Índio" (diretamente do texto sobre a USP) e "amor-mentira" de "Tem que Ser Você" (aprendi com ele que os nhambiquara chamam os atos homossexuais praticados pelos jovens da tribo de "amor-mentira").
Ele possivelmente não gostaria de se ver citado por um músico pop. E brasileiro. Vai saber. Ele cultivava um certo amor pelo Brasil, a terra onde suas descobertas inaugurais surgiram, onde seu trabalho de etnógrafo fez possível suas investidas teóricas e mesmo filosóficas. Mas o título do seu primeiro livro não é tão carregado de ternura quanto de desprezo e desesperança (e aqui me lembro de uma quarta citação que fiz dele em canção: a observação, em "Fora da Ordem", de que "aqui tudo parece que é ainda construção mas já é ruína"): o Brasil é figura grande na geografia de "Tristes Trópicos", mas está incluído numa visão sombria que cobre toda a zona tropical ao redor do globo.
Eu o vi uma vez na BBC falando inglês excelente com perfeito sotaque francês e exibindo um caleidoscópio para ilustrar sua ideia de estrutura e do número finito de possibilidades de arranjo coletivo do homem. Ele tinha uma cara muito bacana de judeu bondoso mas irônico, uma maravilhosa cara de quem tem vocação para a longevidade (coisa de que ele antes se queixava com modesta ironia, mas que a mim me parece uma virtude). Em suma, eu gostava dele. Gostava de pensar que ele, tão distante e tão próximo, estaria ainda sempre por aí, como minha mãe e Niemeyer, o que me dá uma espécie muito tranquila de saudade.
Peço desculpa aos estudiosos sérios por tratar com tamanha familiaridade uma figura tão respeitável. Mas peço essas desculpas por causa do carinho que sinto e sempre senti por ele. Mesmo no seu grande esnobismo contra o esnobismo de massas.
Por: Caetano Veloso é cantor e compositor baiano
"Uma versão bem melhor sobre o tema em relação a que foi escrita pela autora deste blog. Um dia eu chego a esse nível de produção intelectual, afinal sou Brasileira" (Thays Teixeira)

O FIM DE UMA ESTRUTURA

O dia que eu pensei que nunca chegaria, chegou! Deus, o fim da vida é para todos, até para aqueles que parecem imortais. Um grande nome da antropologia mundial se despediu dos “selvagens” no dia anterior em que se comemora, pelo menos no Brasil, o dia dos mortos.

Impressionava-me com o fato do autor da Teoria do Estruturalismo já estar no centenário e mesmo assim com a virilidade do início do século 20, quando ele ainda estudava os mitos e o parentesco. Construiu em toda sua vida uma teoria conflitante, que considerava as sociedades humanas estruturadas e que possuíam um tronco comum, mesmo variando as culturas. O homem que ousou falar que todas as sociedades abominam o incesto, que todas as sociedades possuem o átomo do parentesco, não ousou dizer que faz parte da estrutura, se esvair.

Nunca o vi em carne e osso, nunca escutei sua voz, nunca senti seu cheiro ( se é que ele tinha algum, talvez esse cheiro fosse até forte ele era um francês), o mais próximo que cheguei deste gênio, foi das linhas traduzidas para português, do que ele escreveu. Tantas leituras, muitas repetidas, para compreender o raciocínio e a lógica dos ensinamentos dele. Por causa disso quantas vezes eu já disse “morre, pelo amor de Deus e para de escrever coisas que deviam ser ditas em diários” só porque não entendia o que ele escrevia. Conheço pessoas que até sonharam com ele antes de apresentarem um seminário. Mas o implacável é implacável para todos.

Logo depois do almoço meu telefone tocou, e era Denise, uma amiga que assim como eu pensava que ele nunca morreria.
_ Thays, tu não acredita! O Lévi-Strauss morreu!
_ O quê? Não acredito
_ É serio, saiu no G1.
_ Agora deu vontade de chorar, pensei que ele nunca morreria.

E não tem jeito, a morte chega para todos, até mesmo para que aqueles que pensamos que imortalidade se instala automaticamente sobre seus corpos. Os seus pensamentos serão eternos, seu corpo mesmo ritualizado pelos Bororo se foi, um dia antes a comemoração dos mortos, nada mais antropológico para alguém que nem merecia partir. E literalmente o mundo começou sem ele e vai terminar sem também.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O 1º telejornal do Lab. Telejornalismo da UESPI

Minha turma é mesmo sem noção! Como é que pode a gente ser tão competente desse jeito! Adoro todos vocês! Vejam.........................

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Flores e lágrimas seguiram o avião que 'levava' Alberto Silva

Um céu azul com poucas nuvens, um perfume agradável de flores, jeitos e olhares que demonstravam um pesar, sorrisos apagados para as lentes da imprensa que a todo custo queriam imagens deste momento, a família que tentava fugir, não sei se dos jornalista, talvez da dor e do sentimento de quem perde alguém, esse era o cenário no qual Alberto Silva se despedia, pela última vez de Teresina, cidade que tanto estimava.

O corpo do político piauiense saiu do Salão Nobre Francisca Trindade, na Assembléia Legislativa do Piauí, e foi levado para o Hangar do Aeroporto de Teresina, onde seguiu para Parnaíba em um avião fretado.

Num cortejo aéreo, podemos dizer assim, é que Alberto Silva seguiu em direção a sua cidade natal, Parnaíba. Foram nove aviões ao total, que levaram familiares, amigos partidários, autoridades políticas, entre eles o governador Wellington Dias, o Vice-governador Wilson Martins, o Senador Heráclito Fortes, o prefeito de Teresina Silvio Mendes, presidente da Assembléia Themistocles Filho, o agora presidente do PMDB deputado Federal Marcelo Castro, entre outros deputados do PMDB que devem acompanhar, todo o cortejo do velório e do enterro no cemitério da Igualdade, na tarde de hoje, em Parnaíba.

Desde ontem, os depoimentos que demonstram os sentimentos e as homenagens a Alberto Tavares Silva, mesclados com lágrimas e gritos, são postos ao tom das vozes dos o admiravam. Wellington Dias que acompanhou em avião fretado o cortejo de Alberto Silva, falou do seu sentimento em relação ao falecimento do político e da sua admiração. “Estamos aqui para apoiar a família, deste homem que tem história, que tinha muitos amigos e o respeito destes e de outros. Alberto Silva deve ser lembrado por toda a sua memória, sua história, seu trabalho, pela luta na concretização dos sonhos, por alguém que tinha orgulho do povo piauiense, sem duvidas um dos maiores políticos que o Piauí já teve”. Palavras singelas que foram ditas em meio ao barulho quase que ensurdecedor do motor do avião que levava a família.

Eram dos bombeiros, jornalistas, deputados, funcinários do aeroporto, curiosos, fãs e eleitores, seguranças, e pilotos, os olhos que viram pela última vez o avião azul e branco que carregava, em meio a coroa de flores, o corpo de Alberto Silva em Teresina, que voou para Paranaíba, onde o grande homem seguirá para o descanso que não acaba mais.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

UMA LIGAÇÃO CARA

Aquele dia seria o primeiro que a memória selecionaria para iniciar uma amizade comprida, que existe pelo menos até a data onde estas linhas começaram. Num velho ônibus coletivo “Universidade-401” que faz o itinerário Centro-Universidade Federal do Piauí um bate-papo começou e esse foi o ponta-pé para muitos outros.

- Ei, menina senta aqui na frente que atrás não tem mais cadeira! - E não tinha mesmo, eu, é que como sempre não prestava atenção em nada, e ela nem sabe, mas esta foi minha primeira lição sempre que pegava ônibus nem prestava atenção mas agora vejo se há cadeiras nos espaços reservados para os portadores de necessidade especiais e ainda rezo para que nenhum apareça. Sim, eu sentei e fomos conversando sem dúvidas algumas besteiras, que calouros falam quando entram nos cursos universitários, como é típico.

Deste “Ei, menina”, porque nem ela sabia meu nome e nem eu o dela, começamos nossa amizade. A partir daí, viriam muitas coisas vividas e muitas lições aprendidas, afinal, eu era uma nerdizinha, metida a certinha e que tinha o imbecil sonho de que inteligência podia se aprender, mas eu descobri com ela, que isso é coisa de berço. Então fui aprender o que dava, as putarias, ela é minha 'guru de putarias', e muitas lições depois daquela do ônibus vieram. No entanto, não levantei de madrugada, para escrever sobre isso, e sim para expressar com palavras uma angustia que foi pelo menos para mim um divisor de águas em nossa amizade, esse só foi o contexto.

Na noite de ontem descobri que ela está grávida, e esse nem é o problema. Fiquei mesmo chateada, foi porque eu nem sou o pai, porque isso é humanamente impossível, pelo menos do ponto de vista da Biologia, e nem sou a mãe da grávida, porque estes sempre são os últimos a saberem. Eu pensava que era amiga! Uma colega de universidade, do curso de jornalismo, que conhecia ela a bem um mês soube pela boca dela antes que eu, e até estas linhas principiarem ela não me contou.

Muito surpresa, ligo para uma outra amiga que sem duvidas saberia, e num é que sabia! Aliás foi a primeira a saber. Eramos três, clichê de novela, agora ficou só duas! Eu abdico se tinha alguma chance de ser madrinha porque depois dessa, não dá mesmo! A propósito, gastei todos os meus créditos nessa ligação porque acima de tudo eu pensava que tinha uma promoção e nem tinha.

Deveras, eu estava surpresa, mas não parou por aí, soube nesta ligação que ela vai casar, que o namorado que mora no Rio vem viver aqui, e que a garota “mau”, vai ter seu momento de princesinha. Isso chega para todas meu bem! A explicação para isso tudo, é que, eu não te julgaria, não diria que está ou estava errada, que és louca, que como é que pode? Eu apoiaria, ficaria feliz e riria junto de tudo que viria, então era para contar tudo para Dai que você me ligou aquele dia pedindo o telefone dela? Até quem fim, eu atendi.

Teresina, 11 de setembro, 8 anos depois do atentado ao Wolrd Trade Center.

terça-feira, 21 de julho de 2009

No meio das balas: a trama da viúva negra

Imagino que todo ser humano que já freqüentou algum bar escutou histórias bizarras, coisas sem sentido, ou com algum sentido dentro da embriaguez etílica. Mas como essa, jamais vi igual, e é porque tem cada história de bar que eu conheço meu amigo! Que se gastariam páginas para escrevê-las.

Era um domingo à tarde quando começou o que parecia um primeiro encontro, dias depois se descobriria que não era bem assim, em pleno show da Tribo de Jah, numa casa de festas na periferia, onde tiros sempre são elementos de decoração. Apesar de o reggae pregar a paz na maioria de suas letras, costumeiramente as festas regadas a esse som são bastante violentas. E essa não era diferente, as balas decoravam aquele lugar.

O jovem tinha acabado de tocar, antes que começasse a Tribo de Jah é claro, numa banda Full! Mas isso num tem nada de mais e não tem mesmo, porque é só uma contextualização do fato. O que interessa mesmo é que o rapaz estava encostado no muro, olhando o show esquivando das balas. Do outro lado, no outro muro, uma bela mulher com um amigo que por sinal era seu professor, mas o que o professor tem haver com a história? Bom, ele quem convenceu ela a ir à festa, os dois também se esquivavam das balas. Que porra é essa, tantas balas? E elas nem acabaram...

Os dois na mesma festa tinham um amigo em comum, e nem era o professor que só queria ir embora depois de Guerreiros, por causa deste “cabrinha” , o jovem e a bela mulher se encontraram, lógico que a bela mulher com toda sua faceira, já tinha postos os olhos no rapaz do outro do lado do muro. Depois das apresentações, é elas aconteceram, em pleno século XXI mesmo, “trocaram telefone depois telefonaram e decidiram se encontrar”, não resisti a Renato. A bela mulher perguntou o endereço, pegou seu carro e foi ao encontro do rapaz do muro que toca numa banda full.

Já se aproximando do endereço, ela ficou deveras intrigada - Caralho eu já morei nessa rua! – disse ela. Ligou para o rapaz do muro confirmou o numero da casa e ficou mais boba ainda. Aí é que estranho, como já dito o que parecia o primeiro encontro, não era, e nem os desvios das balas eram os primeiros. Um flashback a mente tomou conta dos pensamentos da bela mulher – Meu Deus! Eu já morei naquela casa, e há vinte anos, meu pai entrou em casa atirando, minha mãe pegou-me no colo e correu pulou o muro, do primeiro vizinho, e o meu pai atrás, pulou o muro do segundo vizinho e meu pai continuava atrás, este último ajudou minha mãe, fez meu pai parar de atirar e salvou minha vida e da minha mãe, mas seria muita coincidência. – E ela estava certa, foi justamente na mesma casa que o rapaz do muro morava, e ele era o filho do vizinho que tinha seis anos quando o primeiro encontro e as primeiras balas aconteceram.

Puta coincidência essa! Tenho a impressão que esse romance é um tanto quanto perigoso, os dois se encontram ainda, tem algo muito desejoso e atrativo entre eles, é um fogo, é um tiro, é uma bala, assim o enlace continua, penso eu que até os próximos tiros... e que eles demorem até que a bela mulher consiga aquilo que deseja dele. E como ela mesma diz “só assim eu poderei arrancar a cabeça dele”. Que bela mulher essa viúva negra, não?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Duvide da vida, mas pós-modernidade viva!

O que eu queria estar fazendo agora? A resposta dessa pergunta é bem fácil! Eu queria está numa festa de São João em algum lugar perdido ou achado no meio de Pernambuco ou dentro do ônibus que me levasse para São Raimundo Nonato, para vivenciar o maior encontro de arqueólogos do mundo. Mas esse desejo não cabe nas mãos, só no coração!
Sabe qual é o problema do dinheiro? Sabe, não? Ora, é não ter dinheiro! Justamente por essa razão estou aqui nesse momento, sentada em frente ao computador, escrevendo qualquer coisa pro tempo passar e chegar a hora de eu ir pra casa, lavar roupa e limpar o chão!
Eu duvido todos os dias se as coisas que eu desejo realmente se farão na minha vida, e mesmo assim continuo vivendo tentando crer que tudo dará certo, mesmo que demore. O desespero cotidiano, a corrida diária atrás de um ônibus que certamente demorará, preocupada se dará tempo, se farei todos os trabalhos, se o blog está atualizado, se eu vou ter dinheiro para o congresso, se vai estar frio, se terei que comprar roupas quentes, se dará tempo fazer o artigo, como é que manda trabalho pro congresso? Se perco o curso ou o emprego?
Mesmo assim estou aqui, na frente do computador tentando entender a necessidade da minha presença aqui se eu não fiz, e nem vou fazer nada. A não ser ficar a manha toda na internet vendo besteira, em vez de procurar algo interessante que pudesse estudar. Novamente começa a tocar Faroeste Caboclo, agora lembrei os motivos que levaram as escrever é que minha vida se parece com a de João de Santo Cristo!

sábado, 20 de junho de 2009

Descaracterização do humano

Ainda me surpreendo com a capacidade humana de se desumanizar. Tanto anos passaram desde a criação da sociedade pelos homens e mesmo assim parece que ainda estamos vivendo numa idade anterior a das pedras.
Sabe onde fica guardado o problema da humanidade? Dentro da impossibilidade dos homens de olhar para o outro como se fosse ele próprio, falta-nos alteridade, falta-nos amor, próprio e pelos pares, falta-nos competência suficiente para não precisarmos destruir uns aos outros. Isso é uma questão de guerra, e esta é deveras perigosa, porque com armas você sabe contra o que está lutando, mas com gestos, símbolos e idéias você não sabe. Guerra simbólica? Não! Guerra humana por falta de amor, por falta de respeito.
O problema disso tudo é que os homens começaram a achar podiam e podem tudo sem se preocupar com nada, sem se preocupar com o que vão fazer com o próximo e como este vai se sentir, não nos preocupamos mais com a dor, com as capacidades, com as habilidades e com as competências individuais. Temos e vivemos a cada segundo com o medo de sermos superados por alguém, mas não deveria ser este o nosso medo. Drumonnd já disse uma vez “deseje para si o melhor e ele se instalará sobre você”. Não percamos tempo preocupados com quem vai nos superar façamos o nosso melhor. Prove que é melhor, mas não ofenda, não massacre, não humilhe e não diga pelas costas aquilo que tens vergonha de falar olho no olho.
Depreciação desumaniza. Diga na minha cara aquilo que falou para os outros, fale para mim mesma aquilo que disseste ao cara para que ele não me ajudasse, sem se preocupar o que eu pensarei de você. Não sorria pra mim, não me pergunte como estou você tem direito de não gostar de alguém, mas não me desumanize fingindo que se importa com o que eu sinto isso é uma barbárie, isso não é humano. Cada pequena falcatrua que a principio não é nada pode ser uma grande catástrofe em longo prazo.
O que não presta, o que não é bom, não é presta e não é bom, mesmo que isto aconteça todos os dias e que pareça cotidiano ainda assim é ruim, é violento é depreciativo, é desumano. Não mate um pedacinho de alguém todos os dias, bondade não destrói ninguém, pode até apavorar a principio, mas não cometa a barbaridade de pensar que ela deixou de existir. Ainda temos chances e eu acredito nelas!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Diploma para Jornalistas e Cozinheiros, já!

Logo pela manhã, ouvi a celebre frase do Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes: “Jornalista é como Cheff de cozinha, não precisa de diploma para ser bom”. Coitados dos jornalistas e estudantes de jornalismo que, assim como eu, não sabem cozinhar.

Jornalismo é uma profissão e precisa sim ter uma regulamentação. Já pensou se todos os diplomas universitários não forem mais obrigatórios? Para se entender de leis e de Constituição, Senhor Ministro, também não é preciso fazer o curso de Direito? Então, o diploma deve ser extinto também...

Técnicas, práticas, leituras, Teorias da Comunicação e do Jornalismo, e tantas outras atividades que fazem parte do currículo de um curso de Jornalismo; tudo isso foi desconsiderado quando se votou pela extinção da obrigatoriedade do diploma, da nossa tão perigosa profissão. O jornalista é um mediador de informação e noticias, não é o dono da razão, da verdade, não é o único que se expressa, que comunica. O ato de falar, utilizar sinais é comunicar; partindo disso, todos os cidadãos são livres, quanto à expressão e à comunicação. Ora, sendo assim o diploma não é inconstitucional.

Nós, jornalistas, fomos comparados a chefes de cozinha, desmerecendo tanto a nós, como aos chefes de cozinha. Voltamos ao tempo em que as únicas profissões que merecem valor são as de médicos, advogados e engenheiros. Ser jornalista vai muito além do somente escrever. Diferentemente do que disse a advogada do Setersp, Tais Gasparian,a profissão do jornalismo tem técnica sim, ela é formada em jornalismo por acaso pra saber?

O Ministro Gilmar Mendes continuando o seu “belíssimo” discurso disse que o jornalismo não exerce perigo algum para a coletividade. Que memória curta... foram esquecidos todos os grandes erros e acertos jornalísticos que mudaram a história do Brasil e do mundo.

Para ser escritor realmente não é preciso ser jornalista. Aliás, para escrever não é preciso nem ter profissão, é preciso somente saber escrever. Desculpem-me, mas agora terei que aprender a cozinhar, eu sabia fazer o Lead, agora precisarei saber fazer comida.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009

Que raios de bicha é essa?

Já se avistava o rio, o Velho Monge era o horizonte, isso significava que o Sistema de Eletrônico de Bilhetagem- SEB, vulgo Setut, estava próximo. Por incrível que não pareça, a “bicha”, como falam nossos anfitriões de língua, estava maior que todas as vezes que eu já tinha visto.
A velha carreira de estudante me obrigou a enfrentá-la, afinal, uma lei judicial me dá o direito à meia passagem. Com aproximadamente 600 metros para mais ou para menos, como dizem as pesquisas de opinião, me dispus mais uma vez, por necessidade obviamente, a cumprir esta cruel aptidão de estudante teresinense.
Teresina é considerada uma das menores capitais do nordeste e também do Brasil, e mesmo com toda sua pequenez possui um precário, ineficiente e caro sistema de transporte coletivo. Mas pior que isso, porque é comum passar 40 minutos numa parada de ônibus, é ficar uma hora, 30 minutos e alguns segundos na “bicha” para colocar créditos estudantis e assim ter acesso à meia passagem que nos cabe por direito.
Ergui os olhos após algumas fotos daquilo, daquele monstro, daquela “bicha”. Oh! “bicha” meu Deus! Mesmo assim não desisti, após alguns minutos em pé encontrei uma amiga de curso e logo tratamos de dar um jeitinho brasileiro e pelo menos esta uma hora e meia passou com uma boa conversa e muitos sorrisos. Mas não foi rápido coisa nenhuma, afinal uma hora e meia é sempre uma hora e meia.
O SEB foi descentralizado, vários pontos de distribuição foram espalhados pela cidade. No entanto, o que parecia uma solução se tornou um problema ainda maior, pois apenas espalharam os computadores pela cidade e a central ficou com menos caixas distribuidores de passagens estudantis. Talvez seja esta a explicação para aquela “bicha” homérica.
Colocados meus créditos, desci as escadas e me perdi da amiga naquele mundaréu sem fim. Depois de passar por tudo isso compreendi fidedignamente o motivo pelo qual nossos colonizadores portugueses e irmãos de língua chamam fila de “bicha”.
Pense numa bicha grande! Essa expressão cabe perfeitamente para aquele alinhado de pessoas, que estavam próximas ao Velho Monge naquela tarde.

Escolha já seu nerd! - Seminovos



Porque toda mulher precisa do seu!

sábado, 30 de maio de 2009

AULA DE ANTROPOLOGIA

To morrendo de sono e esse tempo que não passa...
Já imaginei toda a minha vida, como tudo aconteceu e podia ter acontecido. Desde os tempos da pequenez, coisas que a mãe falava sobre o fato de eu não saber sentar, engatinhava e caía, com queixo no chão que sempre ficava ferido. Mas estou aqui e pelo visto não bato mais o queixo ao chão. Aprendi a caminhar, levantar e de vez em quando uma topada.
Das lembranças infantis, as petecas na areia, a bola velha no campinho de futebol, e aquele hábito infeliz de sempre cair do pé de seriguela em frente a casa de madeira alugada e velha em que morávamos, e quantas quedas ainda vieram, e cá estou eu em pé ou pelo menos pareço estar.
Ah! Os banhos nas cachoeiras, nem lembrava mais deles, como era fascinante imaginar a quantidade de água que caía e quanto litros de suco dava pra fazer, sempre achei isso um tanto quanto sem sentido, mas nunca me vinha algo diferente a cabeça. Boas inbecilidades eram aquelas.
Os amigos da rua, a bicicleta e as lombadas, numa estrada de terra batida o asfalto era um sonho distante. Os gritos daqueles que saltavam mais alto ecoavam no tempo, hoje eles chegaram aos meus ouvidos novamente. OPA! Presente, professora! A aula acabou e os devaneios se foram, não era o grito dos velhos amigos.

terça-feira, 19 de maio de 2009

INTERCRÔNICA NORDESTE


Logo às seis da manhã, com uma dor de cabeça que me corroía os neurônios, ouvia o chamado da responsabilidade. Levantei, fiz o café, tomei banho e comi como de costume na labuta diária. Mas este sábado seria diferente de todos os outros e eu nem imaginava.
Antes de mais nada é necessário dizer que eu levantei com uma puta dor de cabeça porque tinha ido dormir extremamente tarde depois que o corpo de bombeiros foi embora. Isso mesmo, corpo de bombeiros! Na noite anterior eu havia ficado trancada pelo lado de fora, junto com minha mãe e o hóspede que participava do congresso junto comigo e dormia em minha casa. Que coisa! Mas eu sempre havia sonhado em ser socorrida pelo corpo de bombeiros, afirmo que não foi uma experiência lá das melhores. O carro deles apareceu depois que passamos meia hora no telefone tentando convencer um bombeiro que aquela ligação não era um trote. Bênçãos, ele acreditou, e só assim fomos socorridos. Por causa deste fato um tanto quanto inusitado varei a noite acordada.
Tinha que estar na Universidade às sete horas da manhã, infelizmente isso foi impossível, o cansaço do corpo não me permitia tal proeza. Mesmo atrasada consegui estar lá às oito. A oficineira a qual eu estava monitorando ficou preocupada, junto com o professor Orlando, que era o responsável pela divisão das oficinas, naquele Intercom Nordeste; tudo isso por causa do atraso de uma hora, o que já era considerável. Quando eu cheguei fui explicar para o professor o que tinha acontecido, imaginem só como ele riu da minha cara, pedir socorro aos bombeiros para entrar em casa era muito engraçado!
Fiquei na oficina que já estava no último dia, muito interessante por sinal, pois falava sobre comunicação e cidadania. Depois de um acalorado debate sobre cotas raciais, meu coração, que já estava acelerado por causa da discussão na oficina ficou mais atormentado quando se aproximava a hora em que eu tinha que apresentar o meu trabalho. Era uma crônica, ela havia sido selecionada para o Expocom. Fui, apresentei e tudo aconteceu da melhor maneira possível sem nenhum problema, graças a Deus!
O almoço foi bem mixuruca, o restaurante universitário naquele dia não tinha caprichado em nada na refeição, de qualquer maneira almoçamos e a fome passou. Voltamos para ver mais apresentações do Expocom, chegamos e já estava na última, um livro-reportagem sobre a loucura. Quanta coincidência, mas a jovem que falou sobre loucura não tinha dinheiro pra voltar, nem eu e meus amigos para dar a ela. Adivinhem o que fizemos, aquilo que fazemos de melhor, um pedágio pelas salas e corredores da UFPI, e em menos de uma hora esse problema estava resolvido e jovem alagoana já podia comprar sua passagem e voltar para casa.
Tomamos sorvete, comemos e bebemos chegou à hora de assistir ao último painel e esperar ansiosamente pelo resultado do Expocom. Depois de muito ouvir sobre cibercultura e mundo digital, a hora do resultado havia chegado. Ansiosa e junto com os amigos fui ao auditório receber o resultado. A jovem alagoana que por sinal tem nome de flor, Acácia, ganhou com o melhor livro-reportagem. E eu que nunca tinha ganhado nada também. Viva, agora Curitiba nos espera!
Os amigos, confesso, estavam mais confiantes que eu, mas como tudo tem uma primeira vez, como dizem os otimistas e a história, a minha tinha chegado e o coração estava inundado de felicidade, nem lembrava mais da dor de cabeça e do desespero de outrora, tudo agora são sorrisos e abraços. E reproduzindo o grito na hora do resultado, é Piauí Caralho!

sábado, 24 de janeiro de 2009

Uma crônica que não saiu

Pelo jeito vou passar a noite inteira tentando fazer uma crônica sobre uma bolsa de mulher e ela não vai sair. O dia foi daquele jeito: a primeira coisa que fiz foi ligar a TV e acabei por ouvir a abertura do programa da Ana Maria Braga. O texto inicial falava justamente da mulher na modernidade que estava cansada... Acordar cedo, trabalhar, a correria de todos os dias, estava cansada do tempo das mulheres independentes. Queria voltar pro tempo da Amélia.
Minha nossa! Aí, já viu! Fiquei “p” da vida porque não era possível que alguém desejasse voltar para os tempos em que o mundo da mulher era uma casa. Tomei banho, troquei o absorvente, porque para piorar eu estou menstruada, uma cólica filha da puta (que me perdoem as putas), mas estava doendo.
Saí para rua, passei meia hora esperando um ônibus para ir fazer uma entrevista. Credo! O entrevistado estava doente e na casa da mãe dele, pior ele deve ter uns 70 e ainda tem mãe viva, a maior surpresa do dia.
Não tinha jeito, marquei uma entrevista com outra pessoa e ai deu certo, pelo menos isso! Fiquei alguns minutos bem feliz, porque revi um amigo que há dias não via e acabei ganhando uns beijinhos. Hum, hum!
Almocei a comida que eu mesmo fiz depois que cheguei! Às duas horas tinha que sair e assim o fiz. Que ódio! Tínhamos que terminar uma revista. No meio do processo, pra variar, falei demais e ai já viu: o que era pra ser um comentário entre amigos, teve até retaliação via email. Mas afirmo que ainda mantenho minha opinião! Perdemos toda a diagramação porque desligaram sem querer o computador e não tinha nada salvo, que merda! Começar tudo de novo... é a vida!
Queríamos comer espetinhos, não tinha. Estava bonito para chuva, preferiram não fazer! Comemos carne na chapa, bebemos duas Bohemias e fui pra casa! Liguei a televisão, e no meio do filme, adivinha? Isso mesmo, ela queimou... Aí, sentei na frente do computador e tentei escrever uma crônica e ela não saiu.
Se algo que está ruim, ainda pode piorar ou se a lei de Murph existe, eu não sei. Mas às vezes parecem que estes ditados foram testados empiricamente, porque não é possível! O mundo é um barco de gente doida, que se estrepa a toda hora e ainda arranja tempo para se recuperar e começar tudo de novo. Espero o sono chegar para ir dormir, amanhã será um novo dia. Mais 24 horas para tentar ser feliz e um pouquinho melhor que hoje, porque eu disse que iria ser um ser humano melhor, mas o gozo e entusiasmo estão se perdendo no tempo... eu ainda não tenho nada!!!

Um ensaio sobre a gagueira


A gagueira de todo dia, o super-ego, maldito que nos limita! Quem foi mesmo que disse que a liberdade é sempre um sonho? Eu não sei, mas ele ou ela estava certo. Todos nós somos gagos, empatados por uma corrente de regras, de moralidade exagerada, de tudo em exagero, que limita sem fim a nossa tão sonhada liberdade, deixando-a cada vez mais no território feérico.
No mundo quadrado, na ilha limite de cada ser-humano está à gagueira, num tempo onde tudo é veloz, simultâneo, e o obsoleto é a cada segundo, é mesmo bem mais difícil falar qualquer coisa. KD vc? To xaudade! Te dollu! Baum fds! Naum Naum! Quanta voz empatada com essa nova linguagem tão estranha, feia, por assim dizer, mas rápida que responde as necessidades desses novos tempos, no entanto às vezes fico me perguntando se é mesmo uma necessidade ou se é marca do fim dos tempos! Gente não é não e fim de semana é fim de semana e mesmo assim ainda é bom!
Que medo é esse que temos falar limpidamente, isso mesmo falar sem engasgos, tem algo aí criado pelo homem que nos que domina como o mito do frankistaim, a criatura mandando no criador. A modernidade tecnicista que trabalha com todo o cinismo possível, que usa e abusa das imagens, porque com elas não é preciso mesmo falar nada dizem, quando dizem, que elas falam por si só, mas será mesmo? A publicidade, os outdoors estão aí em todos os lugares emitindo suas mensagens na velha e sempre comunicação acidentada, com percalços e limites, então até a visualidade não é tão límpida.
E se eu quiser gritar na rua, e se eu quiser gargalhar bem alto dentro do ônibus, eu até posso mas os olhos e a boca do seper-ego vai está lá me dizendo – olha isso não pode, você está num lugar público e em público não se deve falar –é mesmo eu me rendo nunca posso falar o que eu quero, muito menos tudo e pensando bem, bem mesmo! Ninguém pode, porque alguém já falou que a liberdade é só um sonho e deve ter sido o maldito super-ego!