sábado, 24 de janeiro de 2009

Uma crônica que não saiu

Pelo jeito vou passar a noite inteira tentando fazer uma crônica sobre uma bolsa de mulher e ela não vai sair. O dia foi daquele jeito: a primeira coisa que fiz foi ligar a TV e acabei por ouvir a abertura do programa da Ana Maria Braga. O texto inicial falava justamente da mulher na modernidade que estava cansada... Acordar cedo, trabalhar, a correria de todos os dias, estava cansada do tempo das mulheres independentes. Queria voltar pro tempo da Amélia.
Minha nossa! Aí, já viu! Fiquei “p” da vida porque não era possível que alguém desejasse voltar para os tempos em que o mundo da mulher era uma casa. Tomei banho, troquei o absorvente, porque para piorar eu estou menstruada, uma cólica filha da puta (que me perdoem as putas), mas estava doendo.
Saí para rua, passei meia hora esperando um ônibus para ir fazer uma entrevista. Credo! O entrevistado estava doente e na casa da mãe dele, pior ele deve ter uns 70 e ainda tem mãe viva, a maior surpresa do dia.
Não tinha jeito, marquei uma entrevista com outra pessoa e ai deu certo, pelo menos isso! Fiquei alguns minutos bem feliz, porque revi um amigo que há dias não via e acabei ganhando uns beijinhos. Hum, hum!
Almocei a comida que eu mesmo fiz depois que cheguei! Às duas horas tinha que sair e assim o fiz. Que ódio! Tínhamos que terminar uma revista. No meio do processo, pra variar, falei demais e ai já viu: o que era pra ser um comentário entre amigos, teve até retaliação via email. Mas afirmo que ainda mantenho minha opinião! Perdemos toda a diagramação porque desligaram sem querer o computador e não tinha nada salvo, que merda! Começar tudo de novo... é a vida!
Queríamos comer espetinhos, não tinha. Estava bonito para chuva, preferiram não fazer! Comemos carne na chapa, bebemos duas Bohemias e fui pra casa! Liguei a televisão, e no meio do filme, adivinha? Isso mesmo, ela queimou... Aí, sentei na frente do computador e tentei escrever uma crônica e ela não saiu.
Se algo que está ruim, ainda pode piorar ou se a lei de Murph existe, eu não sei. Mas às vezes parecem que estes ditados foram testados empiricamente, porque não é possível! O mundo é um barco de gente doida, que se estrepa a toda hora e ainda arranja tempo para se recuperar e começar tudo de novo. Espero o sono chegar para ir dormir, amanhã será um novo dia. Mais 24 horas para tentar ser feliz e um pouquinho melhor que hoje, porque eu disse que iria ser um ser humano melhor, mas o gozo e entusiasmo estão se perdendo no tempo... eu ainda não tenho nada!!!

Um ensaio sobre a gagueira


A gagueira de todo dia, o super-ego, maldito que nos limita! Quem foi mesmo que disse que a liberdade é sempre um sonho? Eu não sei, mas ele ou ela estava certo. Todos nós somos gagos, empatados por uma corrente de regras, de moralidade exagerada, de tudo em exagero, que limita sem fim a nossa tão sonhada liberdade, deixando-a cada vez mais no território feérico.
No mundo quadrado, na ilha limite de cada ser-humano está à gagueira, num tempo onde tudo é veloz, simultâneo, e o obsoleto é a cada segundo, é mesmo bem mais difícil falar qualquer coisa. KD vc? To xaudade! Te dollu! Baum fds! Naum Naum! Quanta voz empatada com essa nova linguagem tão estranha, feia, por assim dizer, mas rápida que responde as necessidades desses novos tempos, no entanto às vezes fico me perguntando se é mesmo uma necessidade ou se é marca do fim dos tempos! Gente não é não e fim de semana é fim de semana e mesmo assim ainda é bom!
Que medo é esse que temos falar limpidamente, isso mesmo falar sem engasgos, tem algo aí criado pelo homem que nos que domina como o mito do frankistaim, a criatura mandando no criador. A modernidade tecnicista que trabalha com todo o cinismo possível, que usa e abusa das imagens, porque com elas não é preciso mesmo falar nada dizem, quando dizem, que elas falam por si só, mas será mesmo? A publicidade, os outdoors estão aí em todos os lugares emitindo suas mensagens na velha e sempre comunicação acidentada, com percalços e limites, então até a visualidade não é tão límpida.
E se eu quiser gritar na rua, e se eu quiser gargalhar bem alto dentro do ônibus, eu até posso mas os olhos e a boca do seper-ego vai está lá me dizendo – olha isso não pode, você está num lugar público e em público não se deve falar –é mesmo eu me rendo nunca posso falar o que eu quero, muito menos tudo e pensando bem, bem mesmo! Ninguém pode, porque alguém já falou que a liberdade é só um sonho e deve ter sido o maldito super-ego!