sexta-feira, 11 de setembro de 2009

UMA LIGAÇÃO CARA

Aquele dia seria o primeiro que a memória selecionaria para iniciar uma amizade comprida, que existe pelo menos até a data onde estas linhas começaram. Num velho ônibus coletivo “Universidade-401” que faz o itinerário Centro-Universidade Federal do Piauí um bate-papo começou e esse foi o ponta-pé para muitos outros.

- Ei, menina senta aqui na frente que atrás não tem mais cadeira! - E não tinha mesmo, eu, é que como sempre não prestava atenção em nada, e ela nem sabe, mas esta foi minha primeira lição sempre que pegava ônibus nem prestava atenção mas agora vejo se há cadeiras nos espaços reservados para os portadores de necessidade especiais e ainda rezo para que nenhum apareça. Sim, eu sentei e fomos conversando sem dúvidas algumas besteiras, que calouros falam quando entram nos cursos universitários, como é típico.

Deste “Ei, menina”, porque nem ela sabia meu nome e nem eu o dela, começamos nossa amizade. A partir daí, viriam muitas coisas vividas e muitas lições aprendidas, afinal, eu era uma nerdizinha, metida a certinha e que tinha o imbecil sonho de que inteligência podia se aprender, mas eu descobri com ela, que isso é coisa de berço. Então fui aprender o que dava, as putarias, ela é minha 'guru de putarias', e muitas lições depois daquela do ônibus vieram. No entanto, não levantei de madrugada, para escrever sobre isso, e sim para expressar com palavras uma angustia que foi pelo menos para mim um divisor de águas em nossa amizade, esse só foi o contexto.

Na noite de ontem descobri que ela está grávida, e esse nem é o problema. Fiquei mesmo chateada, foi porque eu nem sou o pai, porque isso é humanamente impossível, pelo menos do ponto de vista da Biologia, e nem sou a mãe da grávida, porque estes sempre são os últimos a saberem. Eu pensava que era amiga! Uma colega de universidade, do curso de jornalismo, que conhecia ela a bem um mês soube pela boca dela antes que eu, e até estas linhas principiarem ela não me contou.

Muito surpresa, ligo para uma outra amiga que sem duvidas saberia, e num é que sabia! Aliás foi a primeira a saber. Eramos três, clichê de novela, agora ficou só duas! Eu abdico se tinha alguma chance de ser madrinha porque depois dessa, não dá mesmo! A propósito, gastei todos os meus créditos nessa ligação porque acima de tudo eu pensava que tinha uma promoção e nem tinha.

Deveras, eu estava surpresa, mas não parou por aí, soube nesta ligação que ela vai casar, que o namorado que mora no Rio vem viver aqui, e que a garota “mau”, vai ter seu momento de princesinha. Isso chega para todas meu bem! A explicação para isso tudo, é que, eu não te julgaria, não diria que está ou estava errada, que és louca, que como é que pode? Eu apoiaria, ficaria feliz e riria junto de tudo que viria, então era para contar tudo para Dai que você me ligou aquele dia pedindo o telefone dela? Até quem fim, eu atendi.

Teresina, 11 de setembro, 8 anos depois do atentado ao Wolrd Trade Center.