terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A frente do tempo e atrás do volante

Já perdi a conta de quantas pessoas com o nome Fábio – na variação feminina também - já passaram por minha vida. Inclusive um dos melhores amigos foi abençoado com esse nome. Mas não quero falar dele, quero falar do ultimo que conheci. Foi incrível... conheci mais a voz que o rosto. Ele era a personificação da comunicação

Primeiro, por causa da infinidade de seres amigos com o nome fui ver o que significava: Significa plantador de favas e indica uma pessoa com facilidade de comunicação. Adora conversar, até com desconhecidos – era o meu caso -, e se sai bem em atividades que exijam contato pessoal e direto, como vendas, relações públicas e entrevistas. Sai pra lá, num tinha nome mais cabido para colocar naquele ser.

Depois de pedir o taxi a atende me retorna e fala – Senhora vai demorar entre 25 e 30 minutos para chegar – isso significava que perderia o vôo caso algo desse errado no caótico trânsito paulistano. Mas graças a Deus ela tava errada e em menos de cinco minutos o táxi chegou. Foi aí onde tudo começou.

Qual o destino? Aeroporto de Guarulhos. Uhm! Cumbica certo? Não! Guarulhos! Então é a mesma coisa! Vixe, é mesmo nem lembrava! Pois vamos lá que ta longe. Bom eu tava no bairro de Santo Amaro e sem muito trânsito levariuma hora, como de fato foi. E vai pra onde? Como assim num é para o aeroporto? Não para qual Estado? Ah tá! Me desculpe, vou para o Piauí!

Foi nesse diálogo desencontrado que eu conheci mais um Fábio e pelo que já deu pra perceber ele é o taxista. Nessa história a simplicidade e a gentileza foram às palavras de ordem. E diferente do que ele me falou depois do fim da corrida eu aprendi com ele bem mais do que ele pensa! – Mas moça, os jornalistas pensam diferente, a frente do tempo, não são como taxistas. Aquela fala ficou martelando.... – Nada senhor, as pessoas apenas pensam, e alguns casos diferente umas das outras.

Um cristão como ele mesmo se definiu, que tem três filhos sendo uma menina, um menino e uma filha de coração, como ele também descreveu aquela que não tem relações consangüíneas. Já foi casado com uma cearense, a mãe dos filhos e namorou por um tempo um paraibana, mas terminou com ela porque era ciumenta. A propósito o ciúme foi algo que ele contou como característica comum a todas as nordestinas. Não que eu concorde. E por fim um Corintiano! No seu taxi era fácil reconhecer, até a agenda era do Corinthians.

Enquanto durou a corrida, seu celular tocou duas vezes, eram os filhos e essa sim foi à coisa mais emocionante – a forma como ele falou com eles – um carinho de dar inveja, uma singeleza tamanha que eu queria estar do outro lado da linha. Amo meus pais, mas juro essa foi à sensação. Aprendi naquele instante que é possível ser gente e que ainda se tem chance para fazer o melhor.

Mas até chegar ao aeroporto eu iria rir, ouvir outras tantas histórias e visitar o Parque São Jorge – centro de treinamento do Corinthians, só para fotografar mesmo. Por sinal foi um dia antes do Ronaldo Fenômeno anunciar que largaria os gramados. [Eu adoro o futebol e essa foi sem duvidas uma maravilhosa experiência]. Mas isso tudo aqui foi para discordar do seu Fábio, os jornalistas não pensam a frente do seu tempo, O Taxista sim! Afinal, as respostas deles eram as melhores. – Thays, pois se uma pessoa me disser que é homossexual e eu respondo espero que sua decisão o faça feliz, é o que importa. Aliás eu apóio as decisões das pessoas não é meu papel questioná-las só para provocar a tristeza, para que mesmo? O mundo já tem tanto problema. –, disse ele sobre a questão das minorias, depois de ter visto um gay passar pela calçada.

O que dizer sobre isso? Não tinha como discordar dele... e depois de horas de vôo cheguei ao Piauí, com sensação que mais uma vez a viagem tinha valido a pena, pelas pessoas! Depois de tudo isso entendi perfeitamente o que é o movimento pela delicadeza. As coisas podem ser mais fáceis, é só cobrar menos, eu aprendi. Obrigada!