segunda-feira, 30 de abril de 2012

Sobre os sorrisos de uma senhora


Um sorriso. Essa linda reação foi à primeira das tuas bondades que conheci e tamanhas a admiração que sinto pela jovialidade que transmites por meio dela.
Mesmo que o dicionário o defina como ato de movimentar os músculos faciais sem fazer ruídos, eu me dou o direito de discordar e dizer que sorrir é emitir alegria. Que músculos juntos não simbolizam a riqueza dos sorrisos. Porque sorrir é expor a brandura da alma, penso.
Escritores de todo o mundo já se permitiram refletir sobre o sorriso. Tomo para mim, algumas linhas que José Saramago em certo tempo de sua vida ousou rabiscar, sobre tal ato humano. “O Sorriso (este, com maiúsculas) vem sempre de longe. É a manifestação de uma sabedoria profunda, não tem nada que ver com as contrações musculares e não cabe numa definição de dicionário. Principia por um leve mover de rosto, às vezes hesitante, por um frêmito interior que nasce nas mais secretas camadas do ser. Se move músculos é porque não tem outra maneira de exprimir-se. Mas não terá? Não conhecemos nós sorrisos que são rápidos clarões, como esse brilho súbito e inexplicável que soltam os peixes nas águas fundas? Quando a luz do sol passa sobre os campos ao sabor do vento e da nuvem, que foi que na terra se moveu? E contudo era um sorriso”. É lindo, é doce, é sensível. São palavras que somente um gênio, tão delicado, como Saramago poderia expressar.
E é incrível como essas linhas definem a doçura do teu sorriso. Quando as leio sempre penso na senhora. Elas são tão radiantes de beleza e simplicidade, como quando a gente te vê sorrir. E que bom que eu conheci diversas facetas da sua pessoa e de alguns dos seus sorrisos, todos eles humanos, por isso mesmo belo.
Sempre que os anos passam a gente se pergunta o que ainda virá? Eu sempre tenho a mesma resposta: virão muitos sorrisos, porque viver pode até ser chorar algumas vezes, mas outras tantas é sorrir. Quando nascemos à gente chora por nos assustamos com o estranho mundo e logo em seguida sorrimos porque enfim vemos o rosto dos estranhos que conversavam com a gente ainda no útero. Sorrir é uma ação que nos acompanha desde a tenra idade. Todavia nem todos crescem com a dádiva de rir mais que chorar. Porque nem todos vencem com o sorriso. Que bom, que você venceu, sorrindo.
Longevidade é uma conquista e quando ela vem com sorrisos mostram que os vencedores sempre nos presenteiam com eles. Felicidades aos milhões, para que os sorrisos se repitam com números maiores.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Raízes

Porque eu gosto tanto de aventura? Na realidade eu não sei se gosto, mas elas vivem tomando as rédeas da minha vida.  A última foi na minha querida terra natal, o Maranhão.
            Como a maior parte da minha família ainda mora lá, vivo retornado à cidade de nascimento, Buriti. Um lugar pequeno que carrega todo o bucolismo típico das cidades interioranas e pequenas. Parece até um verso das poesias árcades. Mas, com traços de modernização e da pauperização  promovida por longos anos de gestão política mal exercida. Aquele velho regime sarneylista que dispensa comentários, de como é praticado.
            Tudo parecia tranquilo, passei três dias e iria voltar de ônibus até a cidade vizinha onde meu pai me esperaria para me levar de moto a Miguel Alves, já no Piauí. Esta ultima cidade, é onde os meus pais moram, mesmo em outro estado são apenas 35 quilômetros de distância da minha cidade natal. Quem disse que meu pai apareceu?
            Fiquei de ligar por volta de cinco horas da tarde para confirmar que já estava aguardando ele. No entanto, a operadora de celular estava fora do ar onde o meu pai mora, e ele mesmo sabendo do não funcionamento ficou esperando que eu ligasse. Meu pai, não tem mesmo jeito, será sempre avoado. Não foi me pegar!
            Resultado: Peguei uma corona até a margem maranhense do rio Parnaíba, atravessei de balsa e na outra margem peguei outra carona. Isso já eram quase seis da tarde, horário que passa o ultimo ônibus para Teresina, a capital piauiense, que era meu destino final. Deu certo! Cheguei em Teresina, mas não consegui contatar meus pais, porque a operadora ainda estava sem sinal.
            Já tarde da noite meu pai me liga. – Pelo amor de Deus, onde é que tu está? Estou aqui rodando o Maranhão todo te procurando, tua mãe está quase enlouquecendo. Porque tu não ligou? Eu respondi. – Pai, eu estou em casa em Teresina. E eu liguei feito uma condenada. Mas, a TIM estava fora do ar, o senhor não percebeu, e ainda mais sabia que eu estava lhe esperando cinco horas. Ele continua. – Eita era mesmo, por isso que num dava certo tu ligar. Desliguei o telefone, só de raiva. Conclusão: Tenho quase certeza que o meu pai tem problemas de associar as coisas.
            Nesse dia eu vi um lindo por do sol as margens do velho monge (rio Parnaíba), como é lindo. Acho que isso me fez ver que mesmo com um desafio enorme na frente, ainda é possível terminar de um modo elegante e belo. Adoro as minhas raízes elas são simples e sem luxo, mas são profundas.