Juju sempre gostou da
sua excentricidade. Ela costumava ver filmes pouco populares, ouvir música concreta
– daquelas feitas com balões e da sua aparência branca sem vitamina D. Passava
longe do sol e se orgulhava disso.
- Sempre fui notívaga,
dizia furtivamente.
Mas ela tinha uma
janela no quarto. Por ela o mundo inteiro passava e isso lhe bastava, ou
parecia bastar. Juju certo dia, olhando pela janela, percebera que nunca
conseguira manter um romance por muito tempo, a não ser o que tinha consigo
mesmo todas as noites. Este durava anos. Ficou se perguntando por quê?
- Será pela minha
excentricidade e gosto? Ah, mas se for por isso, não vou mudar. Gosto-me assim,
pensava. – Construí-me assim, continuava.
O que Juju não percebia
é que em romance não há regra. E até há, a exclusividade – contrato nunca
obdecido, diga-se de passagem – e seguiu a raciocinar sobre o fato de estar só
novamente. Porém, naquela noite ela não estava tão só assim e enquanto amava
pensava, pensava e pensava. Só parou quando o corpo não resistiu e chegou ao
ápice.
Foi quando se deu conta
que o romance mais duradouro na vida de qualquer um é o ápice.