Não está me entendendo. O que foi isso?
De todo modo. Justamente. Não estou chateada. Esses são vocativos diários
presentes nas conversas que teimamos em ter. E as temos por acreditar na
necessidade do contato. Contato com corpos, braços, pernas, mãos, muito mais
que com vozes. E nessa dinâmica incerta dos relacionamentos o que se tem, na
realidade não se tem. Não se tem esperança. Não se tem sonhos. Não se tem fala.
Não se tem dinheiro. E dizem que não se precisa dele. Tente não ter dinheiro.
Tente viver sem ele. Tente trocar vocativos diários por meio de conversas sem
ele. E na teimosia da fala sem dinheiro o máximo que se pode ter é o silêncio. Silenciaram-me.