A cidade da hastag: #esperança
Por Thays Teixeira
Na língua portuguesa existe uma figura de linguagem que troca o nome próprio de lugares e pessoas por adjetivos que lhes caracterizam, é a perífrase. A cidade do Rio de Janeiro tem um desses apelidos conhecidos, a cidade maravilhosa. E com todos os motivos do mundo para receber esse título, o lugar é realmente impressionante e lindo. Mas eu diria que este não o único apelido que o Rio de Janeiro mereceria ganhar.
Com as novas modalidades de contato e comunicação, as redes sociais, surgem novos vocábulos que identificam campanhas, pessoas e locais e que se tornaram febre pela internet, são as hastags. Com o twitter elas agora são acompanhadas pelo famoso # e se popularizaram até tomar conta das ruas. Das ruas do Rio de Janeiro. Agora a cidade maravilhosa é a cidade das hastags.
Umas são bem populares como #geraltásabendo #étrocador #bissscoitoglobo ou outras que não são famosas mais arrancam risos dos meus amigos como #idiotinhasdaLapa ou #eutômuitofeliz.. E sim é quase unanimidade que, os cariocas tem palavras feitas para descrever determinadas situações, geralmente eles falam palavrões. Adoro palavrões! Mas são essas coisas que encantam no Rio, é o seu povo, o jeito deles, é carinhoso e hospitaleiro. Dá saudade, saudade das pessoas.
Na minha ultima viagem a cidade das hastags eu conheci uma pessoas dessas que merecem virar hastags, ela se chamava Sandra. Estávamos dentro do ônibus 384 que faz o itinerário Centro-Jacarépagua, sem trânsito pelo menos uma hora, mas não foi o caso e acabamos por conversar mais de duas horas. Cruzamos toda a linha amarela, atravessamos Cidade de Deus, vimos o teleférico do Complexo do Alemão e muita gente subiu e desceu. E eu como sempre não sabia exatamente em que parada descer, ou como eles dizem por lá ponto, tratei logo de conversar para não me sentir perdida. E que bom que eu conversei.
A Sandra tinha cursado Serviço Social na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói e agora era empresária. Quanto eu aprendi com ela! Mas não pelos conhecimentos que poderia ter passado com o seu curso, ao contrário, aprendi a ser um pouquinho mais gente. Ela como a maioria dos cariocas foi gentil e delicada ao explicar que eu não precisava me preocupar que daria tudo certo.
A partir daí começamos um bate papo que me revelou uma pessoa lutadora, com sonhos e que ainda tinha esperanças quanto à política brasileira, assim como eu as tenho, mas que não se iludia esperando milagres do poder público. Continuava a lutar por seus dias melhores, que lindo! Me falou encantada do seu Rio de Janeiro e do que gostava na cidade, falou que gostava de arte, música, e observou ....
Comprou balinhas Mentos da cor vermelha dentro do ônibus e eu preferi as verdes. Kkkk! Eram de cereja e maçã-verde. Sempre troco os sabores pelas cores.
Mas nas conversas como sempre falei muito e também falei de mim, dos meus sonhos, vontades, das coisas que tinha desistido de fazer e ela ouviu atentamete e respondeu: não desista, comece de novo até darem certo, e o faça desejando o melhor para você e para os outros, eles aconteceram. Foi um estímulo para ser feliz!
O olhar de quem estava no ônibus para a gente era como se eles achassem que nos conhecíamos há anos e nao há minutos, como de fato. Foi muito divertido! Inclusive quando ela foi embora eu rapaz perguntou: E vocês não andavam juntas? A nossa despedida foi tão veloz quanto para nos conhecer-mos, ela anotou seus telefones, e email no bloco de papel que sempre carrego comigo e quase que não consegue descer no ponto certo. Os números deram certo, mas o email ela anotou tão depressa que deve ter faltado alguma letra. Uma pena!
A Sandra é o tipo de pessoa que a gente gosta de graça, mesmo tendo possibilidades de nunca mais vê-la, com certeza ela já faz parte da minha lista de pessoas, que eu ser pelo menos parecida. Acho que era o sorriso dela que passava a tranqüilidade, uma paz! Para minha ela é #mulherdeluz, que me disse um dia me disse que eu deveria fazer teatro.... e eu lhe digo que ela virou minha hastag a : #esperança!