Por Thays Teixeira
Planejamos começar
muitas coisas todos os dias. Alguns desses planejamentos se perdem nas horas
que se encaminham e ficam por lá, nas encostas do tempo. Mas outros não, outros
dão certo e a concretude é o triunfo, ou o trunfo. E nessa história diária de
começar coisas e de não, é que ousamos. Ousamos ver amigos, ousamos conhecer
pessoas, ousamos conversar sobre esses planos e ousamos executá-los. Na maioria
dos casos é essa ousadia o catalisador.
Na tentativa de colocar
em prática qualquer coisa e transformar a pasmaceira do cotidiano, você acessa
uma rede social para tentar ter uma grande ideia e ver ousadias alheias. As
ideias parecem que não vem mais do nada nesse ambiente cheio de coisas
repetidas e milhares de vezes reproduzidas. As ousadias estão lá temos apenas
que encontrá-las. Tudo já está imerso na premeditação dos planejamentos
iniciais dessa história.
Numa dessas maluquices
de querer começar algo, você pode conversar com um velho amigo e lhe contar um
plano, que nunca imaginou que dividissem. Escrever quem sabe, e mais que linhas
cômicas em uma janela de bate papo, essa é uma coisa a se fazer. Que tal
colocarmos em evidência aquele velho plano da manhã? Vamos escrever como sempre
pensamos? Ou, vamos apenas escrever. E assim o entusiasmo da ousadia chegou
audaciosamente.
E corremos para que
esse plano não ficasse encostado nas armadilhas do tempo. Percorrer o caminho
da aprovação de escrever, disso ser útil e mais ainda de isso ser possível de
publicar. Contatos acionados e autorização garantida. Com tudo teoricamente
finalizado vieram os medos: temas, frequência de escrita, compromisso,
aprofundamento, ego alimentado, remuneração inexistente, contar aos amigos e
família, alegria. O projeto novo começou!
Complexamente, as
coisas do dia têm formas peculiares de principiar e que bom que tem. Do
contrário, tudo seria uma permanente repetição e não fugiríamos do mito do
eterno retorno de Nietzsche, se bem que, é legal pensar que tudo pode voltar
outra vez, só não precisa ser igual. Nestes tempos, deve ser um pensamento
assim que nos coloca a procura de novos projetos em meio às redes sociais, nas
telas acesas e frias de um computador, ou algo semelhante. Deve ser o desejo de
retomar algo, com feições de novo e um delicado sabor de plano repetido que nos
coloca a prova.
Que ideal filosófico!
Algo tão lugar comum, só pode começar mesmo de um simples plano de escrever e
de publicar fora de uma página cheia de amigos selecionados e aceitos. E
planejar coisas diariamente mantém o mesmo sentido da ideia comum de contar
histórias de coisas e pessoas. A forma é tão aleatória que do meio do nada
chegamos ao Lugar Comum de escrever, ou de tentar alinhar palavras. Talvez essa
seja mesmo a perspectiva dos planejamentos: fazer com que coisas repetidas
tenham cara de novas, cheiro de velhas e sabor de ousadia.
*Texto originalmente publicado no Jornal O Dia (Teresina - Piauí), em 04 de maio de 2013, na coluna Lugar Comum
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