sexta-feira, 8 de abril de 2011

Elogio a falta de razão


            “Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita”, é o título de uma das obras do filósofo Immanuel Kant, no texto ele descreve em linhas gerais a relação entre o jogo da razão e da liberdade da vontade humana. Mais que tudo, Kant explica como são irregulares e confusos os sujeitos individuais e justifica que no conjunto da espécie, a homo sapiens, a evolução é progressiva. O que justificaria a incoerência do indivíduo, já que para ele em toda a sua vida (limitação temporal entre nascimento e morte) o homem não é capaz de apreender tudo aquilo que necessita para viver. Esse legado é permitido pela cultura.

            Um dos motivos para isso advém da razão. O verbete que afastou o homem inteiramente de tudo o que o ligava ao estado de natureza, é o mesmo que permite a este, proporcionar-se a si mesmo felicidade e perfeição. O homem é livre do instinto e a sociedade é maior que o indivíduo. O indivíduo nesses tempos de pós modernidade parece querer transformar o mundo, e voltar ao hobbesiano – homem lobo do homem – com a falta da razão.

            O filosofo que pregou a necessidade da paz perpétua, depois da evolução progressiva da espécie tem se mostrado equivocado a meu ver ou seus pensamentos já não cabem mais, quando tudo está para a violência e as razões estão perdidas. Ou os sujeitos individuais de hoje não foram ensinados culturalmente, pelas descobertas das gerações anteriores que as suas vidas só fazem sentido se forem sociais. Estão individuais e dentro do quadrado individual eles se perdem e ferem e matam.

            Esses casos estão mais freqüentes. Agora foram 12, que tiveram seu tempo de aprendizado diminuído porque um sujeito individual não foi “culturalizado” o suficiente para edificar em si os códigos e leis que garantem o convívio social saudável e a evolução progressiva da espécie humana. Que legado essa geração vai deixar para a futura? Difícil de prever. O do genial desenvolvimento tecnológico ou dos indivíduos sem razão? Inimaginável.
           
            Eu queria que Kant estivesse presente nos dias de hoje. Talvez sua genialidade fosse capaz de solucionar, o problema da falta de razão dos homens. Uns ficam transtornados, outros são vírus de si mesmo e destroem o mundo onde vivem, e ainda há aqueles que preferem fingir que nada acontece. E os que são feridos não são ativistas das mudanças, parecem estar conformados com a regressão e com a insanidade.

            “Mas todo bem que não esteja enxertado numa intenção moralmente boa não passa de pura aparência e cintilante miséria”, assim dizia o autor sobre os homens. Mas ele cria no esforço do gênero humano em sair da miserabilidade. Eu já não creio tanto assim. Falta a coragem para ser feliz e para buscar a perfeição. Estamos mesmo na miséria, na miséria das relações e da razão.

           
           
           

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